30.9.06

MAFALDA ARNAUTH

AUDÁCIA (do álbum Diário)

Dá-me um pedacinho mais de coragem
E põe nos meus gestos audácia
Diz que sou capaz de ser e fazer melhor
Que eu não acredito
Que isto seja tudo
E que fique mudo este meu pensar.

Tira-me este frágil conforto
Que me traz em paz simulada
Nada é intocável na vida
Que eu prefiro o cruel da verdade
Que andar à toa e doer bem mais
Descobrir a vida tarde demais.

Já lá vai o fado escuro
Já lá vai o medo em muro
Já lá vai não querer dizer o que aí vem
Já lá vai não querer saber p’ra onde vai
Já lá vai o não querer ver
Que é sem segredo
Que damos cabo do medo.

Sou um pé de vento contido
Procurando a rosa dos ventos
Que todos trazemos na alma
Eu não sei caminhar sem um norte
Quero o como, por onde o porquê também
Eu não vivo só entregue à minha sorte.

Levanto a poeira das estradas
Numa inquietante ansiedade
De quem tem a sede do mundo
E a explosão que acompanha a partida
Faz-me crer que lá vai a tristeza
Faz-me ter certeza que a noite está vencida

Podem visitar aqui e aqui

25.9.06

NO TEMPO DOS SONHOS DE OLHOS ABERTOS, SONHEI:

que só me casaria com um homem que me oferecesse flores.

PROFESSORES


Sei que há os bons e os menos bons e que também existem os maus professores.

No final da semana passada fiquei a conhecer uma má professora.
Mostrou falta de respeito pelo aluno e pela mãe do aluno enquanto pessoas.
Incapaz de compreender um mau-estar do aluno, que eu sei ser uma frustração pela incapacidade em corresponder às suas próprias expectativas, gozou com o aluno em plena aula à frente de todos os outros.

O caso é que o aluno entregou uma folha de desenho em branco.
Trata-se de um bom aluno nas ciências exactas mas não tão bom na área da criatividade.
Imagino o sentimento de frustração que o invadiu por ter de entregar a folha em branco.
A professora pediu-lhe que voltasse para o lugar e tentasse fazer qualquer coisa. Um primeiro erro, embora desculpável. Considerou ser uma oportunidade para que o aluno conseguisse algo em poucos minutos.
O aluno sentiu-se "obrigado" a continuar no mesmo registo: continuar a sentir a mesma frustração e incapaz de apaziguá-la com a possibilidade de sair da sala depois de já ter tocado para a saída.
Amuou.
A professora falou com ele - então o menino amuou, foi?- Mais um erro, mas este, ao contrário do primeiro, denota falta de respeito pelos sentimentos e uma incapacidade em oferecer ajuda. Os colegas falaram com ele - então a professora deu-te um oportunidade e ficas assim? Devias estar agradecido!
O aluno sentiu-se criticado, gozado. Adicionou mais um rol de sentimentos negativos aos que já estava a sentir.
Só conseguiu reagir fugindo da sala.
A professora sente-se culpada, naturalmente. E resolve falar com a mãe.
Conta-lhe a sua versão do sucedido. Não se desculpa e ainda aproveita para criticar a mãe, de uma forma subtil, referindo que um comportamento daqueles do aluno não pode existir sendo a mãe quem é a nível profissional.

O que fazer com este novelo de disparates e má-formação?
Eu sou a favor de uma avaliação dos professores. Mas feita de uma forma adequada e isenta.
Não basta saber as notas que um prof deu a uma turma (excesso de negativas ou de positivas), nem a opinião que os pais têm do prof (que pode não ser isenta).
É necessário saber o perfil psicológico, a maturidade, a segurança, a resistência ao stress, a compreensão da faixa etária a que se candidata a dar aulas, a motivação, entre outras que não me ocorrem agora.
Afinal , dar aulas não pode ser algo que obrigatoriamente alguém faz apenas porque tem uma licenciatura.
O lugar de professor pode até ser comparado ao lugar de controlador de tráfego aéreo. Candidatar-se a um lugar que exige um esforço desta natureza não é para qualquer um.
Nos dois casos está em jogo a vida de pessoas.

Foto de http://www.istockphoto.com

21.9.06

QUE RAIVA

Estou há uma hora a tentar perceber porque é que não consigo colocar uma imagem do photoshop aqui.
Ainda não li a ajuda para estes casos, nem sei se existe.
Ajudem-me!!

GOSTO E NÃO GOSTO

Gosto quando te despedes de mim com um beijo.
Não gosto que critiques. Deixa-me um sabor amargo na boca. Mesmo que não sejam direccionadas para mim, quando o fazes, a mancha negra que se infiltrou há muito no meu hará aumenta como uma mancha de tinta no papel.

Não gosto que digas "está bem" sem dares luta, sem te importares. É como se não quisesses saber dos meus sentimentos. Estás farto?
Gosto muito quando me sorris.

Não gosto quando te colocas num grupo e me colocas e aos restantes rebentos noutro. Como é que se parte assim? Não será eu, tu e os rebentos? Porquê tu de um lado e eu e os rebentos doutro?
Gosto quando há cumplicidade entre nós.

Não gosto onde estamos. Faz-me ter que sentir um nada e ao mesmo tempo uma dor.
Gosto onde estamos. Parece-me que avançámos muito nestes ultimos tempos.

Gosto das crises. São como as grandes revoluções, fazem-nos avançar.
Não gosto das crises. Avançamos, mas tem custos e não sabemos para onde.

FUI E JÁ VOLTEI

Pois.
Fui de férias, estive de férias, gozei as férias.
Mas acabaram.
E agora é imperioso moldar-me novamente ao horário da labuta.
Acordar-me, acordar os outros.
Motivar-me, motivar os outros.
Obrigar-me e obrigar os outros.
ARGH!!!
Não quero isto.
Falta-me o cheiro das ervas, o barulho das cigarras e o piar nocturno do mocho.
Quero o meu Algarve. QUERO O MEU ALGARVE!!!
Quero os cheiros e os sons e a calma e o pão no forno a lenha.
E quero até mesmo o cabrão do galo que não me deixa dormir e me ferra quando me aproximo.

7.9.06

COMEMORAÇÃO














Ontem, dia 5 de Setembro, fiz anos de casada.
Muitos anos.
São os anos da crise, mas não por estes dias.

Bem, lá fomos ao Novo Bonsai na rua da Rosa.
Comida a sério feita por um cozinheiro japonês.
Conhecemos o restaurante há uns 15 anos ou mais, nem me lembro bem.
Descobrimos há 1 ano que existem uns pratos do dia que são divinais: pargo com miso, peixe voador frito/crú, atum com natou, entre outros.
A Luisa Yokoshi dá uns bons conselhos e foi ela quem nos mostrou aquela ementa pela primeira vez. Truques. Os pais, nestes anos todos em que somos clientes, nunca nos mostraram o divino.

Lá saciámos o paladar de comida japonesa a sério.
Desta vez ficámos cheios.
Mas as crianças nunca se saceiam. Adoram tudo e sabem o que é bom na vida. Excepto quando querem comer os disparates desenxabidos de que me recuso a falar aqui. Mas isso são apenas momentos pontuais de que se vão envergonhar no futuro, mas vão ter que viver com isso.

Lá se passou mais um aniversário em que comemorou só o núcleo. Sem pais, nem avós, nem irmãos, nem cunhados, sem sobrinhos, nem primos.....
Para o ano espero ter um espação de fazer inveja a mim onde caibam todos de quem gosto para comemorar como gostaria. Fazem-me falta as festas! Também sou um pouquinho povinha (mas só um poucochinho).

3.9.06

ETIQUETAS

MENINA BONITINHA- durante muito tempo precisei ser assim. Era a melhor forma para agradar aos outros e sentir que gostavam de mim. Sei-o agora. Já não exerço.

MEDO DA FALHA - Não gosto de errar, ser ridícula, ser menos que os outros, parecer idiota e pouco inteligente. Não quero nenhuma destas manchas no meu percurso. Sei agora que não resulta. Fico artificial porque não sou espontânea e fico idealizada, o que não é nada saudável.

BRUTA- É assim que sou, é difícil de aceitar. Vou aceitando melhor por estes dias. Sei que me há-de passar. Sei onde radica.

RAIVOSA- Resultado da sensação de não ser amada. É assim para quase todos nós. Estou a tentar gerir. Que importa que não me amem? Eu é que preciso de me amar. Viverei comigo até ao final dos meus dias (diálogo de autoconvencimento).

BEIJOQUEIRA- Adoro dar beijinhos e abraços, guardar no colo os mais pequerruchos, sentir a pele suave, acariciar os cabelos, olhá-los quando não dão por isso.

JÁ VOLTEI

Voltei de férias mas não me sinto saciada.
Falta-me algo mais.
Mais dias de calor abrasador para aguentar os terríveis dias de Inverno.
Mais banhos na cálida água serena das ilhas e do litoral.
Mais dolce fare niente pós almoçaradas.
Mais pão para amassar e cozer no forno a lenha.
Mais mergulhos na piscina e braçadas e boleias para as crianças "vamox a lixboua".
Soube-me a pouco, porra.
Quero mais.
Recuso-me a entrar na rotina outonal sem estarem preenchidas as minhas exigências!!!